domingo, 17 de janeiro de 2010

Pintura, poesia e solidão

As paisagens e as figuras são os géneros pictóricos mais viajados e que permitiram, a este pintor português, ser galardoado em Espanha. João Feijó é um artista versátil nas suas manifestações plásticas. A sua obra deriva de registos em óleo, acrílico, aguarela, fotografia, litografia, serigrafia... Em todo o seu trabalho plástico existem constantes poesias dignas de sublinhar: um certo sentido romântico, quase metafísico, nas suas paisagens; crónicas ou testemunhos sociais nas suas figuras.

As Séries de Paisagens de Feijó, intituladas Linhas de Água e Terras do Sul revelam um reportório icónico de grande beleza formal e cromática, onde as casas brotam de um modo enigmático, nos horizontes que servem de referência, como dividir um quadro nos três espaços de terra, arquitectura e névoa. As paisagens são na sua maioria solitárias, aparentemente desabitadas, que lhes confere um intensidade poética peculiar. O domínio do desenho está presente nestes trabalhos plásticos, iluminados por cor que se funde como protagonista neste tema.

A Série figurativa ou Personagens urbanas desenvolvida numa outra fase da carreira do artista, revelam a melancolia que os seres humanos sentem pela vida. São cenas que reflectem a solidão dos homens e a dureza do quotidiano. Rostos meio invisíveis com um enfoque quase fotográfico. Aqui a paleta contém-se os tons avermelhados e ocres, com o branco a iluminar uma quase intencional monocromia, provocando uma profunda carga emocional. Os títulos das obras revelam esse clima: Regresso a casa (em várias versões); O verdadeiro amigo; Uma mente livre... Pintura com drama que se liga com as raízes ou certa filiação de Edgard Hopper.
Em suma, uma pintura que faz jus à afirmação de Boecio: “Todo lo humano me interesa”.

Julia Sáez-Angulo
De la Asociación Internacional de Críticos de Arte

6 de Maio 2009

http://www.art-joaofeijo.com/

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